Sao Camilo

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domingo, 20 de novembro de 2011

Saúde para todos!



    A campanha da fraternidade de 2012, aponta uma questão social que aflige todo o povo brasileiro que é a questão da saúde pública, seja a falta de atendimento aos enfermos e a falta de prevenção da saúde do povo.
     O objetivo da campanha motiva reflexão sobre a realidade da saúde no país, apela para a prática da solidariedade com os enfermos na comunidade e deseja melhorias no sistema de saúde pública. Isto sim quando na verdade necessitaria de uma revolução no sistema de saúde no país.
   Do ponto de vista pastoral em seus objetivos específicos, acena para o conceito do bem viver, inspirado no princípio de vida dos povos indígenas; Motiva as comunidades para organizar a pastoral da saúde, ou incentivá-la onde já existe e acompanhar as políticas públicas de saúde em nível local, fiscalizar a aplicação das verbas para a saúde; Defender o sistema único de saúde e fortalecê-lo em detrimento a programas aventureiros que se implantam sem eficiência  em prejuízo do povo.
     O sofrimento muitas vezes seguido de morte é contrario ao princípio de vida e bem estar da população. O grande desejo e o direito do cidadão que receba tratamento adequado, com a devida cura e a salvação de sua vida. Quando não é possível curá-lo, pelo menos possa ser acompanhado com um tratamento humanizado.
   Há enfermidades ou doenças que não escolhem classe social, faixa etária, ela se impõe. Neste contexto em primeiro lugar a nossa solidariedade, e a garantia do direito de receber tratamento adequando. A conferência Latino Americana assim define a saúde: “Saúde é um processo harmonioso de bem estar físico, psíquico, social e espiritual, e não apenas a ausência de doença, processo que capacita o ser humano a cumprir a sua missão que Deus lhe destinou, de acordo com a etapa e a condição de vida em que se encontre”. Pergunta-se em um país que a saúde não é prioridade do governo, onde há pobreza em percentuais elevados, corrupção, falta de consciência quanto ao direito à saúde de grande parte da população, que prefere chorar a morte dos seus familiares, em silêncio, ceifados pela falta de atendimento quando enfermos. Será possível colocar em pratica o que a CLA, define e entende por saúde?
    Está lançado o desafio para a Campanha da Fraternidade deste ano e penso que seja para o resto da vida. Porque problemas com a saúde sempre haverá.
*A titulo de sugestões lanço alguns desafios a ser trabalhados para garantir um bom inicio desta campanha: Além é claro, o texto bíblico de (Lc. 10,25-37) que apresenta pedagogicamente a ação do bom samaritano a ser seguido hoje em relação aos enfermos e necessitados.
   a-Em nível local refletir com a população e com todas  as faixas etárias,seja na escola, comunidades, catequese, pastorais,grupos de rua, ONGs, movimentos populares, universidades sobre o direito e a necessidade de garantir atendimento a saúde;
   b- Motivar a população para a mudança de comportamento no que se refere ao saneamento básico, coleta de lixo, água;
   c- Motivar a médio e longo prazo a mudança alimentar, em confronto ao que a industria alimentícia propõe  pela exaustiva propaganda;
   d- Cuidar dos  doentes e fazer deste cuidado um processo de evangelização;
   c- Desenvolver a espiritualidade da justiça  do Reino de Deus, no que se refere a saúde, meio ambiente e bem viver do povo;
   d- Lutar com todos os meios e modos, para que processualmente se implante um sistema de saúde que de fato garanta o atendimento a saúde do povo.
   e- Utilizar os meios de comunicação, as mídias sociais, para divulgar as demandas, denunciar as irregularidades e garantir o direito a saúde do povo.
Certamente há muitas sugestões que você poderá acrescentar para que aos poucos sejam colocadas em prática. Uma ótima campanha da fraternidade para você e sua comunidade ou organização social. Paz e bem!
                                                                                    Cilto José Rosembach



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO

OLHAR EPISCOPAL - EDIÇÃO 15
LEIGOS E LEIGAS NO PROTAGONISMO DA EVANGELIZAÇÃO

Por dom Milton Kenan Junior


A expressão não é nova, ela surge na Conferência de Santo Domingo (1992): “Que todos os leigos sejam protagonistas da Nova Evangelização, da promoção humana e da cultura cristã.” (n.97) (...) “Um laicato, bem-estruturado com formação permanente, maduro e comprometido, é o sinal de Igrejas Particulares que têm tomado muito a sério o compromisso da Nova Evangelização.” (n.103).

Hoje, talvez, precisássemos recuperar a intuição que o Episcopado Latino-americano assumiu, na Conferência de Santo Domingo, quando fala do “protagonismo dos leigos”; embora na Conferência de Aparecida essa expressão não apareça nenhuma vez. Falar de protagonismo, é falar do lugar de importância que os leigos têm na ação evangelizadora, é falar do seu papel insubstituível, imprescindível, na transformação da realidade que vivemos, marcada pela exclusão e pela violência.

Os leigos são protagonistas, afirmaram os bispos em Santo Domingo, ou seja, são os agentes principais no esforço da Igreja em dialogar com o mundo e apresentar os valores do Evangelho num tempo de tantos contra-valores.

Nesse sentido, o Documento de Aparecida e agora o das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil, DGAE 2011-2015, ressaltam dois princípios de grande valor e importância.

O primeiro princípio é o da corresponsabilidade. Leigos e Leigas devem participar, como sujeitos, com vez e voz, na elaboração dos programas pastorais, nos centros de discussão e decisão nas Igrejas Particulares. Referindo-se ao projeto pastoral da Diocese, o Documento de Aparecida afirma: “Os leigos devem participar do discernimento, da tomada de decisões, do planejamento e da execução.” (n.371).  Não podem, portanto, verem reduzida a sua participação apenas ao momento de encaminhar e realizar os programas, mas sentirem-se participantes desde o início, por força da sua condição de cristão batizado, habilitado pelos sacramentos do Batismo e da Confirmação, a participar plenamente da vida da Igreja.

É ainda o Documento de Aparecida que esclarece: “A evangelização do Continente, dizia-nos o papa João Paulo II, não pode realizar-se hoje sem a colaboração dos fiéis leigos. Hão de ser parte ativa e criativa na elaboração e execução de projetos pastorais a favor da comunidade. Isso exige, da parte dos pastores, maior abertura de mentalidade para que entendam e acolham o “ser” e o “fazer” do leigo na Igreja, que por seu batismo e sua confirmação é discípulo e missionário de Jesus Cristo.” (n.213).

As DGAE 2011-2015 ressaltam: “Os leigos, corresponsáveis com o ministério ordenado, atuando nessas assembleias, conselhos e comissões, tornam-se cada vez mais envolvidos no planejamento, na execução e na avaliação de tudo que a comunidade vive e faz.” (n.104.c).

O segundo princípio é o da missão. Os Documentos do Episcopado Latino-americano afirmam exaustivamente que o campo específico da ação dos leigos e leigas é o das realidades onde vivem e trabalham, ou seja, é o mundo da família, do trabalho, da cultura, da política, do lazer, da arte, da comunicação, da universidade etc.

Em função disso, “a formação dos leigos e leigas deve contribuir, antes de mais nada, para sua atuação como discípulos missionários no mundo, na perspectiva do diálogo e da transformação da sociedade. É urgente uma formação específica para que possam ter incidência significativa nos diferentes campos, sobretudo ‘no vasto mundo da política, da realidade social e da economia, como também da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos meios de comunicação e de outras realidades abertas à evangelização’ (EN 70).” (DAp 283).

As DGAE 2011-2015 incentivam a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, nos Conselhos de Direitos, em campanhas e outras iniciativas que busquem efetivar a convivência pacífica, no fortalecimento da sociedade civil, e de controle social. Destaca também a participação na busca de políticas públicas que ofereçam as condições necessárias ao bem-estar de pessoas, famílias e povos; e a formação de pensadores e pessoas que estejam nos níveis de decisão evangelizando com especial atenção e empenho. (cf. n.115-117).

Entre os diversos espaços em que a presença dos leigos e leigas, hoje, é imprescindível destacam-se: o mundo universitário, o mundo da comunicação, e a presença pastoral junto dos políticos e formadores de opinião no mundo do trabalho, dirigentes sindicais e comunitários (n.117).

Há, portanto, no pensamento dos bispos latino-americanos e brasileiros uma condição e uma exigência para o protagonismo dos leigos. A condição é de que leigos e leigas possam ocupar o lugar que lhes cabe na vida das comunidades, sentindo-se, de fato, como sujeitos corresponsáveis na elaboração e realização de projetos e programas de evangelização. E a exigência é a sua atuação evangélica nas realidades onde vivem e atuam, para que à semelhança do fermento possam levedar toda realidade humana com a força do Evangelho.

Este é o grande desafio que hoje não só leigos e leigas enfrentam, mas todo o corpo eclesial: superar o conceito de leigo como inferior, subalterno e destinatário da ação evangelizadora; e formar leigos e leigas para que possam, nas realidades que lhe são específicas, agir como agentes eclesiais, discípulos missionários de Jesus Cristo.

Ao falar do protagonismo dos leigos é indispensável falar de verdadeira conversão pastoral, como é proposta pelo Documento de Aparecida, no espírito da comunhão e libertação (cf. n.368), ultrapassando uma pastoral de mera conversão para uma pastoral decididamente missionária (n.370). 

Oxalá leigos e leigas possam exercer seu protagonismo na vida de nossas comunidades eclesiais e assumirem com renovado entusiasmo sua missão nas realidades onde, na sua maioria e na maior parte do seu tempo, estão. Isso exige coragem! O Espírito de Deus certamente não lhes faltará!
 
Dom Milton Kenan Junior
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal para a Região Brasilândia
Blog - http://kenanepiscopal.blogspot.com